Bem - Vindo !!!

"É necessário abrir os olhos e perceber que as coisas boas estão dentro de nós, onde os sentimentos não precisam de motivos nem os desejos de razão. O importante é aproveitar o momento e aprender sua duração, pois a vida está nos olhos de quem saber ver."

(Bob Marley)



segunda-feira, 25 de outubro de 2010

AMOR que ascende a LUA!



"...O reino dos céus é semelhante a um casal que enamora, no início, se encontram meio que escondidos, inflamados por um amor novo, embalado pelo manto infinito das estrelas. Um amor inocente, os beijos são ardentes, os corpos são inflamados e as juras têm como testemunha a lua.

Este momento de estar junto é marcado pela intensa saudade da ausência, no partir da presença, mas no coração, a companhia eterna em todos os momentos e no caminhar pelas ruas, tudo é motivo para lembrar-se da pessoa amada, a pedra em forma de coração, as nuvens que traçam os rostos dos amantes e a criança que parece com o tão sonhado filho. É contado cada segundo e a cada encontro uma intensa celebração, como se nunca mais tivessem se visto. O amor deles tem sempre cara de primeira vez, como se tivessem acabado de se conhecer e de se apaixonar.

Fazem eternos planos, planos simples, casinha pequena, beira da praia, pescar, plantar, colher e acima de tudo, o que move tudo, amar. De um jeito inocente, este amor cresce e vai tomando forma, vai tomando com maturidade o coração, dando a plena certeza que é este o bem amado.

Chega o tempo em que não resta mais o que fazer, a não ser casar e passar a compartilhar junto a vida, sem planos para o futuro, o agora é o que importa, o amor que sentem um pelo outro é o que move e intensifica a necessidade de estar junto.

Com o casamento, vão para o lugar dos planos simples da vida, vão morar numa casinha de sapê, na beira da praia, somente os dois, sem ambições grandes, vivem este primeiro momento, num amor que parece não ter fim, numa felicidade que faz o brilho do sol parecer pequeno.

Porém, um dos enamorados começa a querer mais do amante, não amor, pois tinha muito, mas os bens. Queria uma casa maior, um terreno maior, um carro, uma moto, jóias, barco. Queria mudar para o centro da cidade, queria que os vizinhos os invejassem pelo que tinham, não pelo que eram um para o outro. Com isso, um deles passou a trabalhar mais, ser mais exigido para poder satisfazer as vontades do bem amado, porém, a felicidade fora rompida, fora esquecida naquela casinha de sapê.

Agora a infelicidade de um, era a alegria cega do outro, pois quanto mais desejava ter as coisas, o outro se entristecia. Ficava sentado na varanda de sua enorme casa dos sonhos do outro, ficava olhando as fotos antigas, da vida simples, de vida somente no amor dedicado um ao outro. Aquela enorme casa, aqueles bens todos faziam aumentar ainda mais sua solidão, então chorou.

Numa certa manhã, no alvorecer do dia, a parceira ambiciosa acorda de sua luxuosa cama, porém vê o seu lado vazio e arrumado, desce tranqüila, toma cuidadosamente o café da manhã, volta ao quarto e sente um vazio no peito e ao olhar o lado da cama onde repousava o corpo do esposo, uma carta em um envelope com seu nome. Ela abriu a carta e começou a ler, a cada linha, cada palavra, as lágrimas lhe corriam a face. A carta dizia o seguinte:

“Minha solidão é grande, meu pesar aumenta a cada dia, porém meu amor por você ainda é infinito, mas não posso continuar aqui, não é meu lugar, não faz parte de nosso sonho, apenas do seu sonho. Quero voltar a ser feliz, mesmo que não seja mais ao seu lado.

Não quero te dar tudo que queres, quero te dar tudo que precisa para ser feliz. Se conseguires descobrir o que é, sabes onde me encontrar.

Eternamente seu”

Quando pegou a carta para guardá-la, pegou o envelope e deixou cair uma foto, de muito tempo atrás, uma foto esquecida de suas lembranças, que naquele instante de luxúria e egoísmo, parecia tola, mas com as palavras da carta, pareciam ter força para ressuscitar o amor que ainda habitava em seu coração.

Olhou para todos os cômodos da casa, tinha tudo que queria, tinha tudo que sempre sonhou, mas o vazio não lhe foi preenchido, porque percebeu que tinha tudo que precisava para ser feliz.

Arrumou suas coisas, levou poucas coisas, somente algumas roupas, porque sabia que não precisaria de muitos objetos, precisaria apenas de seu corpo, sua alma, deixou tudo, sua luxuosa casa, seu dinheiro, seus carros, empregados, nem sequer olhou para trás, para o que tinha, porque estava olhando pra frente, para aquilo que realmente queria...

...seu amado de volta.

*Esta crônica é baseada em um texto do Rubem Alves no livro, Amor que acende a lua."